segunda-feira, 19 de julho de 2010

(Im)Perfeito

Foi numa manhã de sexta-feira … Dirige-me para a estação de comboios, subi até á plataforma que quase parecia abandonada e fui sentar-me no último banco (…) Agarrei-me á musica e deixei-me ficar só com ela… Olhei para o relógio e o tempo parecia não querer passar, enquanto eu só pensava ‘’ e o comboio? ‘’ – enquanto isso, avistei-te ao longe, acabaste por te sentar distante de mim sem que eu desse muita importância a esse facto, na altura eras só mais uma pessoa, nesse entretanto puxei de um cigarro e matei-me por mais uns segundos, quando dei por mim estavas precisamente á minha frente a fazer o mesmo – acabaste por te sentar junto a mim, ias-me contemplando com olhares nada discretos, olhavas para mim, para o fumo que ia expirando, e sobretudo para os meus olhos – AH! Como é que conseguias?! Como conseguias olhar para os meus olhos de uma forma tão fixa e profunda? Não tinhas medo que cruzasse com o teu olhar? – Não parecias ter, não porque continuaste a fazê-lo vezes sem conta (…) até a minha música, até essa, tentaste absorver aproximando-te de mim mais um pouco. Acabei por olhar para ti, não sei, acho que tentei perceber se te conhecia, ou então foi mera curiosidade por saber quem tanto me contemplava … nesse instante fixei os teus olhos azuis e não tive medo que reparasses, até porque acabaste por perceber o meu gesto, e retribuíste, mas na maior das minhas fraquezas cortei essa troca de olhares sem que houvesse algum tempo de reacção possível.O comboio acabou por aparecer passados alguns minutos, levantaste-te sem olhar para trás, acabei por me levantar também segundos depois dirigindo-me para a mesma porta que tu, acabando por ceder aquele ‘jogo de sedução’ e sentar-me quase ao teu lado (…) Tranquilizei-me e continuei a sentir a musica interiormente, enquanto seguia o ritmo com os dedos da minha mão esquerda… parecia teres notado, continuaste sem tirar os olhos dos meus olhos, intimidavas-me. Toda a viagem foi um misto de sensações, todas boas, embora algumas estranhas. Eu só pensava – ‘’ Tens de sair na mesma paragem que eu, tens de sair na mesma paragem que eu, vá lá, eu prometo que ganho coragem e vou ter contigo (…) ‘’.
Acabaste por sair antes de mim, dirigiste-te para a porta ainda com o comboio em andamento, e eu fui seguindo todos os teus passos, só não queria que saísses, ainda pensei sair contigo e logo pensava em alguma coisa para dizer mas … parecia ter o corpo colado aquele mísero banco e… Deixei-te ir.


Sexta-feira à mesma hora ?
Marta Branco
18.07.2010
01h16

terça-feira, 13 de julho de 2010

Oxitocina

Tudo o que existe, tem necessariamente uma origem, cinge-se tudo a um ciclo (…)Então de onde provém o amor?! - Essa afecção tão vaga, repleta de conjecturas, concepções, percepções, imaginações, mas que contudo, nunca consegue ser algo sólido, intuito, e alvo de uma só objecção (…)
É estranho, estranho não haver algo universal que o designe de semelhante forma para todos os seres… Ou será que o amor só tem uma única e excepcional definição, e somos apenas nós mesmos que a ajustamos ao nosso íntimo?! – Creio mais neste factor.Se há algo com que é delicado de lidar, é com certeza o Amor, algo que tem a aptidão de atingir os dois extremos em simultâneo, o forte e o frágil (…)

Por muitas locuções que aqui gastasse para tentar descrever este enigma que nos vai sombreando ao longo do tempo, nunca acercaria a uma conclusão precisa. Inicia-se tudo com base em princípios.



Não há definição.




Marta Branco
12.07.2010
00h23

domingo, 11 de julho de 2010

Pura Metamorfose

Hoje acordei com um aroma e uma melodia na cabeça, os dois uniam-se armando um só factor, algo que fazia parte de ti e, que ainda hoje não se desfez de mim. Ainda me lembro quando o teu cheiro invadia o espaço envolto ao meu ser, quando parecia ‘pegar-se’ a mim para que nunca fosse esquecido (…) quando se transpunha na minha pele, embaraçava na minha corrente sanguínea e velozmente consumia a minha alma de uma forma tão simples, e perfeccionista. Ainda hoje parece que experimento essa sensação, mesmo consciencializada da tua ausência, e da mudança que padece.
Tudo se define a uma narração, um livro, em que quero sempre descobrir mais, conhecer mais, mas, á medida que vou voltando as páginas, as épocas estão constantemente em mutação (…) Nunca nada é certo resumindo-se tudo a um –Nada - um dia estás lá, denoto a tua presença sem que seja preciso ser supracitado o teu nome, no excerto que se segue não alcanço sinal da tua figura, fica apenas a melodia que me dá um indício do que foi .
Ahhh! Como aquela melodia tem o poder colossal de me fazer vacilar interiormente, de me fazer retroceder a um momento, a um espaço, a um tempo, a um hora… Uma hora em que os ponteiros solidificaram, permanecendo somente tu, eu, e a musica (…) Um dia, hei-de esboçar esta data, matizar tudo com cores garridas transluzindo tudo o que houve de melhor, quando chegar ao teu rosto, vou usar um lápis de carvão, entre traços sublimes, entre uma perfeição rara, no teu retrato vou falhar um traço…
Essa, vai ser minha desculpa propositada para não idealizar tudo como Perfeito!




É tempo de (Mu)Dar (...)





Marta Branco
12.07.2010
15h02

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Broken Promise

Existem acontecimentos na vida, que somos obrigados a abandonar (…) A coisas mais simples, ou elementares, mas também as que acarretam as maiores sensações. Um nome, uma fotografia, um lugar, ou até mesmo uma simples música. Compete-nos a nós ser humano, ter o alento e determinação própria para assim superar todos esses índices de infortúnio.
Hoje levantei-me sem vontade, escutei o despertador por umas três vezes, e deparei-me incessantemente a deter o som perturbador que dele provinha mas, à quarta foi de vez, icei o meu próprio corpo da cama e nesse momento respirei fundo, tão fundo que me doeu o peito, cambaleei até á casa de banho e lavei a cara na esperança que me lavasse também os pensamentos… Não aconteceu.
A vontade de ir para a rua fora superior á de ficar em casa a arrastar-me pelo chão, vesti uns calções agarrei numa t-shirt, peguei na mochila e deixei o resto para trás (…)Cheguei a uma estação de comboios, sentei-me num muro e estaquei a olhar para o infinito… nesse instante tentei não pensar em nada, deixei-me ficar só comigo, e esperei (…) Acordei de algo que no fundo era a realidade, peguei em mim, e pus-me dentro de um comboio, sentei-me, em três minutos adormeci, não sei no que pensei, foi o bom disso, não pensei em nada, ou então não me recordo (…) Senti algo na perna, mas não liguei, não queria acordar e voltar ao real que tanto me apavora, mas … Voltei a sentir aquele toque, abri os olhos, era uma rapariga a dizer-me que tínhamos chegado á - estação terminal - .Levantei-me lentamente, friccionei os olhos ainda cobertos de sono dei uns quantos passos e cheguei á porta da carruagem…nessa altura ainda sentia a visão turva, mas rapidamente saí dali para fora, com um passo apressado defendi-me de toda a multidão de seres que pareciam perseguir-me. Fui sentar-me num espaço que estava perto de ser despovoado, pensei em tudo pelo que já passei, cogitei sobre todos os momentos em que me desampararam, pensei em quem me fez promessas e depois as quebrou (…) ah! Como odeio promessas.Recordei tudo como se a vida fosse um filme com Play e Pause. Há dias em que custa tanto virar costas ás recordações, fazer com que tudo nos passe ao lado, desprezar algo que nos marcou, mesmo que não tenha sido pelos melhores fundamentos, a verdade é que a memoria não nos deixa largar.O tempo persiste a passar e a cada dia dói menos, mas há sempre algo que nunca se desata de nos (…)
Neste filme, quero um botão REC. Quero que as pessoas sejam todas boas, quero que as mentiras sejam pagas, e as verdades renumeradas, quero que a sinceridade dê lucro, quero um mundo melhor.


P.S – Quebraste a Promessa.




Marta Branco
01.06.10
00h46